A Indústria brasileira já demitiu nestes cinco primeiros meses do
ano, mais de 50.000 empregados, contribuindo assim para um aumento de 22% do
desemprego do país, em mesmo período.
Acrescentemos a isso o aumento de 30% da inflação e de 13% na taxa
de juros, em mesma comparação, donde se conclui que a coisa está realmente
preta para os brasileiros, principalmente, para os brasileiros de renda mais
baixa, o que caracteriza o ocaso destes doze anos de governo perdulário e sem
rumo, que invariavelmente, não fizeram bem ao Brasil.
Se olharmos para a história, num período um pouco mais amplo,
poderíamos dizer que o começo da crise industrial brasileira, certamente, se
inicia com a Crise da Dívida Brasileira (externa e interna), nos anos oitentas.
Já os duros anos noventas, de muita instabilidade, depois de
tentativas fracassadas de controle da inflação, nos deu o “Plano Real”, que
debelou o monstro da inflação apesar de uma sobrevalorização cambial que teve
seu curso bastante prolongado.
Num período mais recente, dos últimos doze anos, tivemos uma
Política Industrial que não se revelou capaz de ir contra tantos acontecimentos
atuais e, simplesmente, jogou fora todo o sacrifico que a população brasileira,
as duas penas, realizou nos anos noventas. Por uma incompetência absurda e com
uma ideologia ultrapassa, destruiu o que tínhamos de melhor, o tripé do Plano
Real, calcados nas Metas de Inflação (para controle da inflação e estruturação
das finanças governamentais e privadas), Câmbio Flutuante (para atrelar o
ajuste automático da moeda brasileira à conjuntura internacional) e o Superávit
Fiscal Primário (para controle dos gastos públicos com geração de superávit
para pagamento da dívida externa gerando equilíbrio e credibilidade do país
junto aos agentes internacionais de negócios).
Embora a crise industrial brasileira seja decorrente do passado
ela se acentuou nos anos recentes, pois, fomos paulatinamente, perdendo
diversas ondas na trajetória da história como marcos e revoluções industriais
as quais ficamos de fora e que, no entanto, fizeram a festa em vários países
emergentes, no período 2003/2011, por não aproveitarmos o período de abundância
global para modernizar o Brasil e, por conseqüência, a nossa indústria. Não
captamos a grande onda da indústria eletrônica, da Indústria Farmacêutica, da
Indústria Naval e de tantas outras. Tudo foi passando, ao longo da gente, sem
que nada tivesse sido percebido e perdemos uma janela de ouro com a bonança do
mundo no governo Lula.
Veio então a crise de 2008 que popularmente foi chamada por aqui
de “marolinha”, um eufemismo popularesco para suavizar algo sério, e assim,
fomos empurrando tudo com a barriga. Fizemos as equivocadas medidas
anticíclicas que prestigiou apenas a Indústria Automobilística e um pouco da
chamada Linha Branca (eletrodomésticos) sem fazermos algo mais interessante
para a indústria como um todo, como, por exemplo, uma Política Industrial
pujante baseada na competitividade e no crescimento da nossa indústria, o que
simplesmente não aconteceu. Perdemos para o “populismo barato” que nos desviou
de curso e nos levou a gastar recursos absurdos na destruição e edificação de
estádios para Copa das Copas e sucateamos o país.
O tempo passou e não deixou por menos. Cobrou a conta. E o que
está batendo hoje muito fortemente na Indústria Brasileira é o afastamento
longevo da economia mundial. Descolamos da modernidade e perdemos as ondas das
Revoluções Industriais do presente, que passaram por outros países, mas não por
aqui. Ficamos apenas escutando as cantilenas do atraso e fomos ficando para
traz.
Mas o que fazer depois de tudo isso?
Primeiramente, precisamos reconhecer que fracassamos que o governo
fracassou. Teremos que pagar o preço da incompetência populista, num ambiente
triplamente desfavorável, com recessão, crise política e crise moral,
acompanhados de um governo fraco e falido, incapaz de se colocar como indutor
de algo mais criativo e encorajador.
Saímos de uma eleição muito piores do que entramos, por motivos
óbvios. Como sabemos, a utilização da teoria da mentira, do marketing vazio e
da propaganda perniciosamente enganosa nos levaram ao nocaute.
Precisamos ter muita calma para recolocar as coisas em seus
devidos lugares, mas como pedir calma a uma população insistentemente enganada
e agora descrente e desconfiada do seu futuro, que acreditou nas fantasias
televisivas do horário eleitoral?
Difícil
não! Mas o caminho mais próximo é a recuperação do tripé do Plano Real como as
Metas de Inflação (trazer o mostro da inflação, pelo menos, para o centro da
meta de 4,5%; recuperar o Câmbio Flutuante (sem gastar bilhões de nossas
reservas tentando trazer o preço do câmbio artificialmente para o equilíbrio),
e reinstalar o chamado Superávit Fiscal Primário (controle rigoroso dos gastos
públicos com geração de superávit para pagamento das dívidas interna e externa,
gerando credibilidade ao país) e após essa reconstrução, dar rumo ao país,
estimulando a inovação, reestruturando o setor industrial, recolocando as áreas
de Educação, Saúde e Saneamento, Segurança Pública e buscar o re-ordenamento
Político e a Redução dos Tributos para podermos fugir dessa desastrosa
desorganização que campeia o Brasil de hoje
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